A fábula inglesa "A Galinha Ruiva" e a falência do estado de bem-estar social
"Aqueles que pedem e choram mais ganham mais do que os que trabalham" |
Tempos mais tarde, ela solicitou ajuda aos colegas para ajudar na
colheita. Mas seus amigos recusaram a ajuda novamente e então a galinha resolveu
colher o trigo sozinha. Por fim, acabaram negando qualquer colaboração para
transformar a farinha em pão, e ela, mais uma vez sozinha, fez um pão muito bonito
e muito cheiroso. Todos os outros animais agora queriam! Sentiram o cheiro
daquele pão maravilhoso que a galinha havia feito e pediram à galinha para
compartilhar. Mas galinha se recusou: não iriam provar sequer um pedacinho! Eram
preguiçosos demais, disse a galinha persistente e trabalhadora.
Muitos, inclusive seus amigos, e em muitas culturas iriam taxar a
galinha de egoísta, iriam julgá-la como a vilã da história, a galinha malvada
que não quis compartilhar seu delicioso pão com os ociosos companheiro. “A vilã
é essa galinha, opressora, responsável pela fome dos outros indivíduos!” Logo
ela que achou, plantou e colheu o trigo, fez a massa e a assou...
Em seu livro, lançado no final de 2013 intitulado de Esquerda Caviar Rodrigo Constantino vai
direto ao ponto “Quando a preguiça é recompensada, quando quem trabalha é forçado
a sustentar quem não produz em nome da “igualdade”, o resultado só pode ser o aumento
da preguiça e a redução dos esforços.”
A Dama de Ferro, Margaret Thatcher dizia que quem paga a conta não é a
“sociedade”. Segundo ela o termo era usado como abstração, e que na verdade
existem seres humanos, de pele e osso. Ou seja, se o José quer o benefício do
estado para comprar uma calça ao seu filho, quem trabalharia para pagar seria
João. Sempre terá pessoas trabalhando arduamente para dar aos que não trabalham.
Mas quando aqueles que trabalham passarem a perceber que não vale a pena se
esforçar e começar a viver das benesses do estado, aí a coisa complica. Caso da
Dinamarca que adota medidas mais liberais para conter o ócio de seu povo e
impedir o país de ir a falência. Mais uma prova que essa cultura de “estado
babá” é insustentável. Na obra A revolta de Atlas, a filósofa russa Ayn Rand ilustra bem essa situação:
"É como derramar água dentro de um tanque em que há um cano no fundo puxando mais água do que entra, e cada balde que a senhora derrama lá dentro o cano alarga mais um bocado, e quanto mais a senhora trabalha, mais exigem da senhora, e no fim a senhora está despejando baldes quarenta horas por semana, depois 48, depois 56, para o jantar do vizinho, para a operação da mulher dele, para o sarampo do filho dele, para a cadeira de rodas da mãe dele, para a camisa do tio dele, para a escola do sobrinho dele, para o bebê do vizinho, para o bebê que ainda vai nascer, para todo mundo à sua volta, tudo é para eles, desde as fraldas até as dentaduras, e só o trabalho é seu, trabalhar da hora em que o sol nasce até escurecer, mês após mês, ano após ano, ganhando só suor, o prazer só deles, durante toda a sua vida, sem descansar, sem esperança, sem fim... De cada um, conforme sua capacidade, para cada um, conforme sua necessidade..."
Ayn Rand ainda
nos faz um alerta:
"Quando você perceber que, para produzir, precisa obter a autorização de quem não produz nada; quando comprovar que o dinheiro flui para quem negocia não com bens, mas com favores; quando perceber que muitos ficam ricos pelo suborno e por influência, mais que pelo trabalho, e que as leis não nos protegem deles, mas, pelo contrário, são eles que estão protegidos de você; quando perceber que a corrupção é recompensada, e a honestidade se converte em auto-sacrifício; então poderá afirmar, sem temor de errar, que sua sociedade está condenada".
O filósofo Luiz
Felipe Pondé escreveu em sua coluna na Folha criticando sobre esse estado de
bem-estar social que está minando a democracia e a nossa liberdade:
"Logo criarão uma lei que proibirá as mulheres de serem bonitas em nome da autoestima das feias e proibirão os homens bem-sucedidos de terem carrões em defesa da dignidade do ônibus ou do metrô. Duvida? Basta um mentiroso inventar que isso é necessário para um convívio democrático. Isso se chama “a ditadura dos ofendidos”."
E não é que o Pondé estava certo? Bem quase certo, pelo menos ele chegou
perto. A situação chegou ao limite extremo e ridículo, ao ponto de se pregar
igualdade total, inclusive a igualdade física. O escritor argentino Gonzalo
Otálora causou polêmica ao defender a cobrança de tributos sobre as pessoas consideradas
mais bonitas para compensar o “sofrimento” daqueles que fossem mais feios. Com
um enorme e barulhento megafone, se dirigiu à frente da Casa Rosada e começou a
reclamar os “direitos” dos feios. Otálora disse que sua iniciativa tinha o
objetivo de incentivar um debate sobre o culto à beleza, presente hoje na
sociedade. Otálora como escritor que se prese, mais do ninguém, deveria saber
que o que importa não é a conta bancária da pessoa nem sua beleza, mas o valor
que ele agrega à sociedade.
O escritor inglês L.P. Hartley em seu romance A Justiça Facial fez uma sátira sobre esse estado de “justiça
social e igualdade”. No livro Hartley expressa a estranha tentativa de
legitimar o invejoso e sua inveja, de forma que qualquer um capaz de despertar
inveja seria tratado como criminoso. Note bem: em vez de o invejoso refletir e ter
vergonha de sua inveja, é o invejado que deve desculpas por causar a inveja.
O romance passa-se no futuro, depois de uma
Terceira Guerra Mundial, e as pessoas são divididas de acordo com a aparência.
O principal objetivo era obter uma igualdade facial (como se os humanos fossem
cupins ou formigas), pois a material já não bastava para acabar com a inveja. Só
era permitido um tipo de rosto, que continham os traços “Alfas”. No romance havia
até o Ministério da Igualdade Facial,
que fiscalizava se todos tinham realmente a mesma aparência. Qualquer um que
não se enquadrasse nos critérios, ou seja, os que eram mais bonitos ou até mais
feios, eram eliminados da sociedade. O
objetivo era a acabar com a inveja e prezar pelo bem-estar social, pela
“justiça social”, criar um mundo mais igual e “justo”. Não importava a que
custo, afinal, sempre há de “quebrar alguns ovos” para se fazer um omelete. Não
soa loucura? Mas o pior é que sempre aparece um louco e mentiroso que começa a
defender isso como “condição necessária” para se viver em uma sociedade mais
“justa e igualitária”.
Como conclui Schoeck: “O desejo utópico por
uma sociedade igualitária não pode ter surgido por qualquer outro motivo que
não a incapacidade de lidar com a própria inveja e incapacidade”.
Hayek em sua obra prima A Constituição da Liberdade diz que nós devemos buscar somente a
igualdade de regras gerais, ou seja, as leis. Quando buscamos a igualdade de
resultados torna-se impossível haver liberdade devido a coerção necessária para
se aplicar esse conceito que torna-se fatal para a liberdade da sociedade. O
economista Milton Friedmam foi preciso ao dizer que “A sociedade que prioriza a
igualdade invés da liberdade acaba ficando sem ambas. Mas sociedade que
prioriza a liberdade e não a igualdade acaba conseguindo uma boa quantidade de
ambas”
Mas o que é ser livre? O que uma sociedade
precisa para ser livre? Ser livre significa poder tomar suas próprias decisões
e ter seus próprios objetivos e sonhos. É poder fazer escolhas e dessas
escolhas aprender lições. Livre para buscar o melhor pra si mesmo, para viver
experiências. A vida do ser humano, assim como a de outros animais, é uma continua busca por melhores condições. Isso é algo natural, é extinto, a busca pela
sobrevivência, pelas melhores condições, é isso que mentém as espécies vivas.
No nosso cotidiano sempre procuramos o melhor para nós, mesmo quando vamos à
padaria e solicitamos o pãozinho que acabou de sair quentinho pois não queremos
o que está na prateleira. E até quando vamos comprar um imóvel, ou automóvel, sempre buscamos o melhor conforme nossas necessidades e condições. Ninguém sai
do conforto de sua casa esperando fazer o pior negócio na rua. Espera-se o
melhor. A busca pelo melhor é que garante a existência da espécie humana.
E tudo isso está, aos poucos, sendo ameaçado
por indivíduos, muitas vezes ligados ao estado, ou simples ignorantes que
preferem andar com as pernas dos outros. Sempre estão ali dizendo “Mais estado,
mais estado, mais intervenção, mais impostos, transportes grátis” e não pensam nas consequências
que essas atitudes causam à sociedade. Principalmente para o bolso dela.
Arnold Schwarzenegger (aquele mesmo, o exterminador e ex-governador
da Califórnia) nasceu na Áustria e fez duras críticas ao governo austríaco na
abertura do documentário de Milton Friedman intitulado de Livre para Escolher. Segundo Arnold, o governo socialista austríaco
intervia na economia o que acabava gerando atraso e comodismo na população.
Segundo ele, jovens de 18 anos já pensavam em aposentadoria e quanto mais o governo
interferia no livre-mercado, pior ficava o país, e mais dependente do estado
vivia a população.
“Eu vim de um país socialista que controla a economia, onde jovens de 18 anos já falavam em aposentadoria. Mas eu queria mais! Queria ser o melhor! O individualismo é incompatível com o socialismo. Assim, senti que deveria vir para os EUA. Não tinha dinheiro no bolso, mas aqui, tive liberdade de obtê-lo. Transformei músculos em negócios, em uma carreira cinematográfica. Pude economizar e investir ao longo do tempo. Vi os EUA mudarem e percebi o seguinte: quanto mais o governo se inseria no livre mercado, pior ficava o país. Mas quando o governo abria espaço à livre iniciativa, ficávamos melhor e a economia se fortalecia, eu prosperava e meus negócios cresciam, eu podia contratar mais e ajudar os outros”
Mas afinal, quem ganha com isso? Com essa cultura de
dependência? É óbvio: são os próprios governantes que usam e abusam do dinheiro
alheio. “Uns são mais iguais que outros”. Enquanto uns se acomodam, outros
lutam por migalhas, os governantes sempre desfilam em seus carros luxuosos e
moram em residências com comida farta. Enquanto os pobres se amontoam em filas
à espera de atendimento, eles sequer precisam enfrentar a espera para serem
atendidos nos melhores e mais modernos e conceituados hospitais do país. Para a
sociedade apenas “pão e circo”, e uma copinha de vez em quando.
Por Luiz Henrique Cardoso
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